quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Insónia

Sonhos desfeitos. Farrapos do que sonhei voam em direcção ao profundo vazio silencioso que está escondido por detrás da tua sombria face. Sonhos sonhados a preto e branco à espera de uma criança que os venha colorir. Nada se distingue nos sonhos a não ser sofrimento e dor. Suor frio, arrepios gélidos percorrem o corpo. Quando se sonha vive-se outra vida, alimentam-se paixões secretas, abre-se o cofre oculto, devaneia-se por almas dispersas, procura-se por um refúgio longe da tempestade envolta nos sentimentos. Contemplo a tua expressão desfocada, o vestido branco brilhante como as estrelas, os brincos de um azul safira cintilante, um sorriso esplêndido, um olhar ilusionista, tudo tão…perfeito. Abro os olhos, acordo sobressaltado mas quero voltar a dormir e sonhar por uma vida inteira. Como era bom voltar a ter uma vida completa, onde todas as insónias se iam e o sonho era uma realidade. Um dia, talvez um dia…

Rugas: Marcas de um Passado


As rugas são marca da idade. No fundo, as rugas são marcas que não se apagam. É nestas marcas que ficam gravados os grandes momentos da vida, pois sem rugas não há velhice, e sem velhice nada há para recordar. As ditas rugas são marcas de experiência, conhecimentos vivenciados e armazenados que mais tarde se transformarão em histórias. Sentar-se-á então um neto, ainda em fase de crescimento, e ficará ouvindo essas histórias com uma atenção desprendida de compreensão. Mais tarde, provavelmente daqui a várias dezenas de milhares de dias, este neto contará esta mesma história, enrugada pelo tempo, aos seus netos. E assim se vão transmitindo tesouros incalculáveis, expoente máximo da sabedoria que só com as rugas se poderá alcançar. Viva a velhice, vivam as rugas.