segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uma carta para minha avó

Querida avó:
Espero que esteja tudo bem contigo nesse assento divino onde estás. Provavelmente esta carta nunca te encontrará. Mas não te preocupes que daqui a muitos anos dir-te-ei estas mesmas palavras. Quero que saibas que tenho saudades tuas. Tenho saudades de chegar a casa e ver-te sentada no canto junto á televisão, saudades de conversar contigo sobre tudo e nada em particular, saudades de ouvir as tuas histórias de pessoas antigas, saudades de ouvir as tuas gargalhadas quando se contava uma piada, saudades de todas as horas que passávamos juntos em dias de chuva e vento... Desde que partiste ficou um vazio que dificilmente será preenchido, mas o sofrimento em que estavas era demasiado cruel para qualquer ser humano. Se havia pessoa que não merecia sofrer tanto, essa pessoa eras tu. Não eras perfeita, nem o ambicionavas mas o teu coração era de uma bondade tremenda. Espero que todo esse sofrimento tenha passado e que estejas em paz. Quero também que saibas que nunca esquecerei as palavras que me disseste quando a tua situação se agravou e tiveste que ir para o hospital. "Adeus, filhinho, estuda para ser um grande homem e ajuda a tua mãe que eu já não volto a esta casa". E, infelizmente, não voltaste mesmo. Parece que quando saíste já sabias o que o destino te reservava. Neste momento, as lágrimas já me cobrem o rosto. Talvez seja da saudade, talvez seja da emoção ou talvez seja uma mistura de tudo. Por agora acho que nada mais tenho a acrescentar. Esta deverá ser a última carta que te escrevo mas nunca me esquecerei de ti, minha querida avó. Espero, um dia, voltar a ver-te.

Do teu neto,
João Batista

2 comentários:

  1. desculpa mano.. Não consigo ler nem metade... dá-me um aperto no coração! E as lágrimas começam a sair... parabéns. está brutal.

    Nuno Barata

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  2. tive o prazer de te conhecer mano...e lindo foi difícil conseguir ler todo de seguida parei varias vezes por causa das lágrimas..

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