sexta-feira, 18 de abril de 2014

Arte do Monólogo

Sinto-me no dever de pensar positivo. Sei que sou diferente mas estou longe de ser inferior a alguém. Não me posso considerar superior pois isso entraria em conflito com a minha modéstia intelectual. Vivo numa loucura irremediável. Tenho em mim essa locura de falar sozinho mas também a lucidez para entender que isso é bizarro. Mas todos nós nos debatemos interiormente, temos dúvidas... Eu exprimo-as através de um sussurro para mim mesmo, ponho um contrapeso aos meus próprios argumentos em voz alta mas de forma a que apenas eu posso ouvir. Pode parecer uma actividade egoísta e egocêntrica mas nada melhor que um ser falar consigo mesmo para se conhecer verdadeiramente. Saber que possuí demasiadas fraquezas e forças tão limitadas que só o conhecimento próprio nos pode salvar de uma tempestade emocional. Sei que me acham doidinho por eu falar sozinho, por murmurar para mim mesmo as minhas ideias mas eu sinto mais seguro quando pratico o meu monólogo. É uma arte que os ditos ajuizados nunca entederão e que me tornam num ser peculiar, sempre em busca de alguém com perseverança suficiente para descobrir o que eu escondo. Continuarei aqui esperando com a noção de que provavelmente nunca ninguém virá. Estarei acompanhado de mim mesmo a exercitar a arte do monólogo.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Perdido

Só o fogo no meu coração nunca se apagará. Tudo o resto será passageiro. Assim como a memória que agora me conquista a mente. Apetecia-me entrar na máquina do tempo e voltar lá, sentir tudo outra vez, olhar para o que me rodeava, cheirar o teu perfume e ficar bloqueado pela tua imagem. Sentado neste sofá posso apenas lembrar-me de como foi. Mas eu queria tanto viver esse momento. Torná-lo tão real como ele é agora na minha cabeça perturbada. Queria tocar-te e ver-te arrepiar. Queria sentir que uma bomba me explodia no peito e me sufocava na garganta. Queria tanta coisa mas nenhuma é tão confortável como ficar aqui sentado mirando as paredes nuas. Poderia levantar-me e correr ao teu encontro. Iria pedir-te para recriarmos aquele momento. Mas nada é como foi. Não seria espontâneo, deixaria de ter significado e então nem como memória seria real.

domingo, 13 de abril de 2014

Coisas que me acontecem #3

Isto já aconteceu há alguns meses mas não deixa de ser completamente hilariante. Antes de mais fazer dois pontos prévios.
  1. Para quem não sabe as pessoas que sofrem de miopia, quando estão sem óculos não conseguem ver um boi a mais ou menos dois metros de distância.
  2. É um fenómeno crescente as televisões portuguesas transmitirem progamas sobre Poker durante a madrugada.
Estes dois pontos parecem não ter nada em comum mas têm. Estava eu deitadinho, aconchegado e atento ao meu televisor do quarto quando adormeci com o mesmo ligado. Quando acordei meio atabalhoado e semn óculos, olhei para o aparelho e pensei para comigo ao ver de forma desfocada o que se estava a passar no ecrã "ainda deve ser cedo ainda está a dar poker... ainda tenho muito tempo para dormir". Por curiosidade tomei a feliz decisão de ver as horas. Vejo marcado 9:32. Ponho os óculos á pressa e reparo que afinal no grande ecrã não estava a dar poker mas era sim a Maria Helena a "distribuir" cartas de tarô.


sábado, 12 de abril de 2014

Caos

Sinto-me vencido. Tenho esperança mas isso não passa de um vazio confortável. A esperança não existe enquanto coisa palpável. É por isso impossível saber se o que tenho é esperança. Sou uma anarquia de sentimentos contraditórios. Quero andar em sentido proibido respeitando as regras.

Não sou ninguém. Estou derrotado por esta azáfama esquizofrénica. Sinto que o valor que tenho é tão diminuto que mais valia ficar sentado nesta cadeira olhando o relógio marcar o passar dos segundos. Mas sou invadido pelas memórias do sub-consciente.

Quero voltar a ser pastor. Sair de cajado na mão direita, caderno e caneta na esquerda. Ir para longe do mundo real. Refugiar-me no meu mundo utópico enquanto tomo atenção para que nenhuma ovelha fuja para quintal alheio. Talvez tenha saudades,

Amanhã serei de novo normal. Vou pôr ordem nesta confusão toda que me envolve. Ou vou talvez continuar nesta espiral de contradições. Amando e odiando, ficar parado correndo e morrer vivendo.