quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Coisas que me acontecem #1

Gosto muito de me sentar no sofá a ler o jornal. Ontem tinha a sala quentinha já que a lareira estava acessa. Contudo, e sem nada o fazer esperar, a lareira começou a inundar a sala com fumo. Era um pandemónio brutal, parecia que a casa estava arder. Sou confrontado com esta incomodativa fumaça e tenho de fugir para a varanda pois o ar era irrespirável. Agarro no meu banquinho e no jornal e sento-me a ler o jornal na varanda enquanto o fumo vai fugindo lentamente da sala. Quero acrescentar para algum vizinho que me tenha visto á meia-noite a ler o jornal na varanda "não caro vizinho, eu não estou maluco tinha era a casa cheia de fumo". Foi realmente memorável sair para a varanda á meia-noite, com um frio de rachar e sentar-me tranquilamente a ler o jornal enquanto na sala pairava aquele fumo tão incomodativo.

domingo, 24 de novembro de 2013

Voo

Dou por mim perdido numa memória que me mantém cativo. Deveria sair desse mundo de fantasia onde tu e eu damos as mãos e voamos tão alto como passáros numa migração de felicidade. Fazemos do céu uma estrada de apenas um sentido. No entanto, essa memória não passa disso mesmo. Falta-me o chão para poder descolar, falta-me o poder para me erguer, faltam-me as asas para voar. Sei que essa lembrança que me atravessa o cérebro acabará por se extinguir, a chama arderá até lentamente se desvanecer.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

E o Céu lá tão longe!

Nada nos mata como a saudade. Sinto-me completo e ainda assim vazio. Falta-me aquele lugar tranquilo, pacífico e belo. Falta-me a ligeira azáfama do galo que canta impaciente assim que amanhece. Falta-me o calor tórrido do Verão e o frio congelante do Inverno. Falta-me um pedaço de mim: a minha aldeia. Poucas pessoas se podem orgulhar de ter crescido no Céu. Eu tive essa felicidade. E sinto hoje uma tremenda saudade daquilo que lá deixei: uma casa, a família e aquele sossego que me abandonou. Estou hoje aqui sem poder guardar o meu rebanho, sem ter ar puro que me permita pensar livremente. Estou hoje aqui numa prisão sem grades nem correntes. E o Céu lá tão longe. A alegria de cada viagem até lá é inenarrável. A liberdade que nos preenche cada célula do corpo, a certeza de uma felicidade tão imaculada. Para esse Céu tão apartado eu só tenho um nome: casa.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A loja do Sr. José

Quando se entra chama a atenção o caos organizado. As enormes pilhas de livros cheios de vida. Um espaço modesto, acolhedor  onde nos espera o Sr. José. Homem culto e alegre que tem imenso prazer naquilo que faz. É neste ambiente que eu me sinto completo pois encontro livros e mais livros aguardando por mim. Não sou eu que escolho o livro, é ele que me escolhe a mim. E quando o livro tem dúvidas, o Sr. José encaminha-o pois ele já sabe que eu estimo esse bem tão precioso. Todos nós temos paixões improváveis, eu tenho a paixão pela leitura. E quando tenho que matar as saudades da minha paixão o único caminho que conheço é aquele que me conduz até esse espaço tão nobre onde me espera o Sr. José sempre com mais e mais novidades. Um grande bem haja a esse homem que tanto faz para manter viva a cultura e alimentar mentes sedentas como a minha.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Coração de Leão

Sempre disse que este blog era sobre as minhas paixões sobre aquilo que me preenche o coração. Pois bem uma parte importante de mim é o meu Sporting. É um amor incondicional, verdadeiro e de longa duração. Ser do Sporting é ser diferente, não é ser vulgar. Só os espíritos fortes e os corações leais podem amar este grande clube. Sinto enorme orgulho naquilo que é o Sporting. Não é apenas uma equipa de futebol, é um clube por inteiro. Nós somos Esforço, Devoção, Dedicação e Glória. Somos um clube onde impera as conquistas verdadeiras, os títulos transparentes e as vitórias adquiridas com suor e lágrimas. Somos uma família. Estamos, todos juntos, tentar emendar erros que algumas ovelhas negras cometeram e que puseram em risco esta instituição centenária. Mas um Sportinguista tem confiança no futuro pois sabe que o seu clube irá dar a volta por cima. Podemos ser gozados, difamados, ridicularizados mas a nossa paixão é inabalável. Somos a força que enche estádios e pavilhões, somos a multidão que reza no sofá, somos leões. Ontem, hoje e sempre. "E o Sporting é o nosso grande amor".
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Inventor de Autobiografias-Fernando Pessoa

Não sei o que sou hoje. Serei o mesmo que era ontem? Serei mais, serei menos? Serei eu a mesma pessoa que era quando adormeci? Um sonho pode mudar um homem, pode ser o catalizador para se tornar um génio. E eu aqui numa dúvida frenética sem saber o que sou. Não me lembro se sonhei ou não. Lembro de acordar apenas. Nessa altura não me sentia diferente. Mas estarei eu realmente igual? É esta ansiedade que me mate, que me consome. Gostava de saber quem sou, ser lúcido em relação ao que existe aqui dentro.
Penso, penso e volto a pensar e sinto que nada vou descobrir. O peso que me empurra é tão grande que sinto que devo desistir e viver apenas ignorando quem ou o que sou. No fundo o que eu sou é uma multidão de um só homem.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Um Português Orgulhoso



Arrepios, lágrimas, paixão, emoção, orgulho... Sinto-me neste turbilhão depois de ouvir este Senhor. Se João Villaret era um talento também José Raposo o é. E são portugueses, como o é o Fado. Desprezar o que este homem fez é deitar fora a nossa identidade, a nossa cultura, pedaços de nós e dos nosso corações emotivos. Podemos estar cada vez mais pobres mas ainda somos felizes porque temos estes pequenos momentos onde os nossos génios se elevam mais alto, onde chegam a tocar a alma de Deus. Ser português não é ser um pobre coitado, é ter pouco dinheiro no bolso mas ter um talento qualquer que acalenta almas e corações. Isso é a verdadeira riqueza porque o dinheiro pode mudar de bolsos mas não pode comprar o talento nem momentos emotivos como este. Só o Fado pode libertar este calor, este vibrar, esta triste alegria que nos invade. Vamos valorizar os nossos talentos, a nossa cultura, o nosso Fado e vamos ser portugueses orgulhosos pois somos os melhores do mundo.

Greve ou Preguiça?

Nunca quis politizar este blogue. Sabia, contudo, que um dia poderia acontecer. E hoje é um dia tão bom como qualquer outro. A reflexão que quero fazer é sobre a greve do passado dia 8. Isto porque parece-me que muito grevista indignado não compreende o que é efectivamente uma greve. Por definição uma greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho por parte de um conjunto de trabalhadores insatisfeitos e que visa obter benefícios. Mas será uma greve ficar deitado até mais tarde, depois ir ao supermercado fazer compras, ir ao café e de seguida ficar em casa de braços cruzados a ver televisão? Eu penso que a isso chama-se "faltar ao trabalho". Na mesma linha de opinião, uma greve deve ser feita no local de trabalho mas sem trabalhar (greve de braços cruzados) ou então no local previamente combinado para manisfestarem o seu desagrado. É a mentalidade da minoria preguiçosa que nós precisamos de mudar, pois a greve não pode ser banalizada. É um direito adquirido mas que deve ser respeitado por todos. Se nós como trabalhadores não respeitamos a greve e ficamos em casa de braços cruzados, como é que podemos estar á espera que o Governo ou a entidade patronal nos dê crédito?
É nisto que devemos pensar para que as greves futuras sejam ainda mais bem sucedidas.


Jardim Proibido

O sangue começou a escorrer-me pelas mãos. Tinha um espinho colado á pele.
 Passeava solitariamente por um jardim repleto de flores desinteressantes e sem brilho até que a vi. Uma rosa cuja magia me fez vibrar. A sua cor canela amendoado fez-me marejar os olhos com lágrimas de alegria. Tentei chegar-lhe apenas para um ligeiro toque mas vi que o meu braço era curto. Desisti por esse dia. Voltei no dia seguinte e vi que estava um bocadinho mais perto. E foi assim dia após dia, cada vez mais perto mas nunca o suficiente. Mas quando finalmente a alcancei, os espinhos marcaram-me as mãos, fiquei a escorrer um sangue amargo, senti o veneno invadir-me e queria gritar e explodir. No fundo devia ter visto que quando a rosa mais bela mora inalcançável o jardim passa a ser monótono e sem fulgor.